Finalmente a sós... Só você, eu e nossos desejos. Ainda contidos, ainda secretos. Seus lábios tocam os meus e como uma faca rasga minha alma. Faz a sumir em meio ao simples fechar de olhos e ao tocar de pele.
Sinto as vibrações na ponta de seus dedos. Que escorregam por meu peito, tentando achar um lugar acolhedor para ficar. Enquanto eu tento decifrar o que significa essas vibrações, as coisas esquentam. A boca não é o único lugar a se beijar. As mãos acolhedoras, escorregam devagar entre os fios de seus cabelos. Pego suavemente sua nuca e a trago para mais perto de mim.
Gosto da curva de seu queixo. Gosto de suas orelhas e como meu suspiro te faz
suspirar. Quase gemer, quase pular...
Você entra na dança. Agora faz barulho. Começo então a decifrar seus desejos. Suas mãos tímidas, agora me arranhão. No peito, na barriga, nas costas... Minha camisa, nem sei aonde foi parar, nem nosso pudor. Vamos nos despindo em sincronia. Quisesse alguém fazer um balé tão perfeito de gestos, de movimentos, de paixão, de desejos...
Te jogo na cama como se estivéssemos atrasados. Mas na verdade o que quero são
os ponteiros passando devagar. Então com sutileza tiro seus sapatos e começo a
admirar. Não precisamos ir com sede ao pote, mesmo que nossos corpos supliquem
por isso. Começo pelos seus pés, até a parte interior de suas coxas. E mesmo
querendo te consumir ali, e ser consumido por ti, há mais de seu corpo que eu
preciso admirar. Então beijo seu umbigo e subo devagar.
Deus desenhou os seios com cuidado. Deu a eles um toque angelical e demoníaco
ao mesmo tempo. Nos hipnotizam, fazem-nos delirar. E ali há todo o mel do
mundo.
Se eu fosse parar o tempo, pararia ali. Naquele momento. Vejo seus olhos
revirando e me pedindo mais. Estou ali para te satisfazer. Quero sua alma
suplicando por mim. Seu corpo pedindo mais. E não demoro muito a sentir esse
desejo. Se eu pudesse me banhar em um rio de você. Seria um peixe perdido no
paraíso de Atlântida. Minha língua sente sede. Pede por seu néctar.
Mas o carinho dura até o animalesco escondido em nossos
espíritos começar a falar mais alto. Então cada toque vem como uma lavareda de
fogo querendo nos tomar. E a cada ação com um toque, vem uma reação amplamente
superior. É assim, como uma descarga elétrica. Primeiro um clarão, depois um
trovão. E da para sentir vibrar em cada molécula de suor que sai dos nossos
corpos a tempestiva atividade, a calmaria que surge apenas ao nascer do Sol.
E agora somos sóis. Com brilho, luz e calor próprio. Unidos em uma só massa. Dizia Newton que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Eu discordo! Nossos corpos em um só. Nossas almas dançando juntas pelas ondas atemporais. Nossos corações frenéticos em ritmo de frevo, palpitam sem parar. E somos dois, somos um. Somos uma vontade, um desejo, um gozo...
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