Vagando sem alma
Rolaram os dados, o jogo começou. Vozes são ouvidas do outro lado da janela. Não eram boas vozes, eram apenas vozes. Daquelas que não fazem sentido. Ecoam vazias por um mundo de plástico. Mundo que não se preocupa com o que ouve, nem com o que diz. Então as vozes ecoam sem respostas. Porque mais vazio que as vozes, são os pensamentos de quem as ouve.
Mas você não percebe, já estás em meio ao jogo. Do qual não
consegue sair nem que queira. É um jogo as cegas, conduzido por espíritos
podres. Que querem te cercar, querem te ganhar. Te jogar no fundo do poço das
almas confusas e perdidas. Daquelas que não sabem nem mais os porquês. Nem o porquê
de estar ali, muito menos o de viver.
Isso aqui é o teu paraíso e o teu inferno. Você escolhe o
que quer viver. Estás agora no meio da multidão. Tentando mandar um sinal de
SOS, de fumaça, um código Morse... “Me
tirem daqui!” - Suplicam seus olhos. Olhos que se perdem em meio à multidão de zumbis.
Que clamam por algo além de carne. Suplicam por amor. Algo que já não sabem
mais aonde achar. São corpos vazios, programados com uma única mensagem. “Sou
feliz sozinho”.
O tempo corre, vidas passam. Sentimentos são jogados aos
ventos. Descartável, porque não só o mundo é de plástico. As vidas, as almas,
os corações, tudo. Exatamente tudo, ficou sem sentido. Então você escolhe entre
ser mais um zumbi, ou andar na contramão do que eles dizem. Escolhe o fim do
poço com outras milhares de almas perdidas em meio ao vazio. Ou lutar para
subir. Mesmo com os hematomas e cicatrizes produzidos pelos mortos de inveja.
Pelos que não conseguem e torcem para que sejas mais um errante perdido. E mais
uma vez te digo: “esse é seu paraíso e o teu inferno, você escolhe o que quer
viver!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário